segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Achismos

Quando eu achava que sabia escrever, os professores da faculdade só tinham críticas pros meus textos. Quando eu achei que fotografava, ouvia elogios sempre pro trabalho dos outros, não pro meu. Quando eu já tinha me acostumado com a idéia de que ia morrer sozinha, apareceu alguém pra me fazer acreditar no contrário e quando eu acreditei, ele foi embora. Fiquei perdida no meio do caminho. Se tudo em que eu pensava que era boa é feito melhor por alguém, o que estou fazendo aqui?
Faz um ano que eu tento achar a resposta e ela parece estar cada vez mais longe. Parecer deve ser minha palavra mágica. As aparências iniciais sobre as pessoas se desfazem cada vez mais rápido, se mente cada vez mais. Até eu já estou mentindo, pra não brigar, pelo menos em público. Mas eu brigo. Nas últimas semanas eu brigo o tempo inteiro, brigo por dentro, não durmo. Estou com as pessoas, mas me sinto muito, muito sozinha. Não tenho paciência pra escutar. Finjo que estou prestando atenção, mas a minha cabeça está longe em algum lugar que nem eu sei ao certo onde é.
Escuto um ou outro elogio e penso que agora sim as coisas vão pra frente. Mas essa alegria dura muito pouco. Bastam poucos dias para as pessoas me decepcionarem e isso que a única coisa que eu espero é um pouco de sinceridade. Estão adubando o meu coração de pedra.
Outra palavra presente na minha vida é desaparecer... depois dos elogios geralmente vem um desaparecimento. E surge na minha cabeça sempre a mesma pergunta: o que foi que eu fiz de errado? Se sou inteligente, esperta, querida, simpática e toda essa lenga-lenga que eu escuto toda hora, porque estou sozinha?
Um amigo um dia me disse que ser uma mulher inteligente era algo difícil e eu não levei a sério. Um ano depois, lamento descobrir que ele estava certo. Mostrar inteligência agride as pessoas, assusta mais do que quando eu conto que faço Kung Fu. Talvez meu lugar esteja lá, escondida num mosteiro. Onde ninguém fala, ninguém mente.

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