sexta-feira, 31 de julho de 2009

O que tem me ocupado

Voltei do Rio de Janeiro num ritmo intenso de aulas na especialização. São só três por semana, mas os temas são densos e numerosos. O desta semana é sobre Oriente Médio, o que significa ter que explicar quem faz parte da região (e cada autor tem uma opinião diferente), a diferença entre árabe e islâmico, um complexo histórico de conflitos nos últimos cem anos e ainda avaliar as perspectivas de futuro. UFA!
Ainda bem que uma colega mandou hoje um e-mail para descontrair, que eu transcrevo abaixo. Podem clicar sem medo:

O que fazer quando o passageiro do lado é um chato?
1. Tirar o laptop da mala;
2. Abrir o laptop devagarinho e calmamente;
3. Ligar;
4. Assegurar-se de que o vizinho está olhando;
5. Ligar a Internet;
6. Fechar os olhos por breves momentos, abri-los de novo e dirigir o olhar para o céu;
7. Respirar profundamente e abrir este site: http://www.myit-media.de/the_end.html
8. Observar a expressão facial do vizinho.

A graça da piada tem um lado triste, que é a ignorância de quem acha que todos os árabes são terroristas. Segurança em alguns locais virou uma verdadeira neurose e quem não tem pele clara termina virando alvo da polícia mesmo sem ter feito nada. Até meio tubo de pasta de dente é visto com desconfiança na hora que a gente embarca em vôo internacional. Já tinha ouvido que fluor pode ser corrosivo, mas imagina quantos tubos vou precisar pra furar o avião...

Faço a piada aqui, porque se digo isso num aeroporto certamente serei presa para averiguações.

sábado, 25 de julho de 2009

Priceless


ônibus para a Lapa: R$ 2,20
latinha de Red Bull: R$ 8,00
entrada na festa funk: R$ 5,00
caipirinha: R$ 3,00
E passar por carioca não tem preço! Eu estava sambando embaixo dos arcos da Lapa e duas pessoas vieram me perguntar de que parte do Rio de Janeiro eu era :) Aliás, vou voltar nojenta dessa viagem. Os argentinos acham que eu falo espanhol muito bem e os irlandeses elogiam o meu inglês!
Mas voltando à Lapa, o lugar bomba nas sextas e sábados. Além dos sobrados que funcionam como bares ou danceterias, tem muita barraquinha vendendo bebida e lanche pela rua. alguns levam gerador pra iluminar a barraca e colocar música pra atrair os clientes. Ontem até estava "vazio" porque choveu.
Mais uma vez, os brasileiros eram minoria no grupo em que eu estava. A primeira parada foi para comprar caipirinha, a segunda na danceteria com música funk e a terceira e melhor foi a roda de samba na rua, embaixo dos arcos! O pessoal passa o pandeiro e cada um paga o que pode pros artistas.
Na hora da festa, o carioca é animado e também muito receptivo. O lugar é totalmente democrático, do pivete ao gringo está todo mundo lá (e os locais adoram dançar com as estrangeiras hhehee). Tudo foi ótimo, mas eu sugiro um certo cuidado pra quem for visitar o lugar. Evite carregar muito dinheiro ou coisas de valor. O democrático significa que o rico, o pobre e o muito pobre estão por lá. Eu testemunhei os pivetes tentando roubar uma pessoa, pareciam formigas em volta do torrão de açúcar. Se vê também pessoas com todo aspecto de drogadas. Enfim, problemas de toda grande cidade hoje.

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Amigos do mundo



Ficar em hostels (albergues) é uma tremenda festa. Pelo menos nesse Che Lagarto, que é onde eu estou ficando aqui no Rio de Janeiro. Tem gente simplesmente do mundo todo.

Fiz amizade com um grupo de argentinos muito gente fina! Como não pára de chegar gente a cada dia, sempre se conhece alguém com muita história pra contar.

É o caso da Ya (essa que aparece comigo na foto), que é equatoriana/dinamarquesa. É superinteressante ouvi-la falar sobre o contraste entre a vida na Dinamarca e a America Latina. Lá no norte da Europa ela tem um padrão de vida fantástico: com 21 anos, ela já consegue financiar um apartamento e principalmente ter dinheiro para viajar. Isso trabalhando numa profissão que não exige diploma universitário. O governo aliás paga os estudos pra quem quiser se formar.

Mas ela contou que pode ser muito solitário viver por lá. Dá pra perceber pela alegria dela e da amiga Emma (dinamarquesa) em fazer festa com a gente, abraçar as pessoas... Pelo que contaram, o clima frio estimula as pessoas a ficarem mais em casa e a cultura é de ser mais reservado e individualista.
Foi com essa turma que fui num dos lugares mais legais do Rio, a Lapa. A foto dos Arcos foi tirada de noite, então façam um esforcinho para ver hehehehe. Engraçado foi os argentinos nos guiando de volta pra casa de noite. Até dizerem que não sabiam para onde estavam indo, já estavamos fazendo uma observação antropológica sobre a prostituição no Rio. Nesse momento eles se convenceram que estava na hora de pegar o táxi. Dica para quem vai lá: me disseram que tem festa todo dia por lá, mas a sexta e o sábado são os mais animados. Nos demais, os bares fecham por volta da uma da manhã. Só achei estranho a insistência do garçom em me oferecer outra cerveja, quando eu pedi uma Bohemia. Ele repetiu duas vezes "mas a outra é mais barata!". Pelo jeito o público que frequenta o bar não é dos mais ricos.

O que você vê


Hoje foi o último dia do ISA-IBRI, uma conferência sobre Relações Internacionais promovida por dois institutos ligados ao tema (a Internacional Studies Association, dos EUA, e o Instituto Brasileiro de Relações Internacionais). Foram dois dias e meio de trabalho aqui no Rio de Janeiro com a apresentação de trabalhos ligados ás mais variadas temáticas como operações de paz, meio ambiente, imigração, política externa de diversos países, terrorismo, Mercosul, União Européia e "os caras" como Lula, Putin, Bush e Obama.
Passeei um pouco também e tirei essa foto interessante no Forte de Copacabana. Já ouviram falar do teste de Rorschach? é aquele que tem umas manchas e a pessoa deve dizer o que vê e a partir disso é que o psicólogo faz sua análise. Pois essa foto também revela um pouco do que passa na cabeça das pessoas.
O que você vê nessa figura? Dou um tempo pra vocês pensarem...
1...
2...
3...!
Esse mosaico de pedras foi montado no chão do forte para representar dois canhões. Mas para mim, eram dois soldados carregando a arma no ombro, com o cano virado pra trás, despreocupados. Acho que sou mais pacifista do que eu imaginava hehehe

terça-feira, 21 de julho de 2009

Férias no Rio

Essa é a imagem da minha chegada no Rio. Olhem a bagunça da fila para pegar o ônibus do aeroporto do Galeão para o centro da cidade e zona sul. Ficou ainda mais confuso porque quando chove os vôos são suspensos no outro aeroporto, o Santos Dumont. Então a Gol tinha que fazer alguma coisa com quem devia ter descido no outro aeroporto e decidiu usar o mesmo sistema de transporte publico que nós. Só podia terminar em bagunça


Já no hostel as coisas estão saindo bem melhores. Tive a grata surpresa de descobrir que aqui tem um bar onde o pessoal faz o happy hour e uma mesa de sinuca. Eu vim pra assistir um congresso, mas tô vendo que a agenda vai ser bem mais movimentada do que eu esperava... As pessoas são superlegais, isso aqui é uma torre de babel. Dentro do albergue o que eu mais faço é falar em inglês e espanhol.


Hoje o tempo colaborou, então consegui fazer alguns passeios interessantes. um deles foi esse bate-papo com o Drummond hehehe Ah, e o mais engraçado foi ter encontrado um colega jornalista com a namorada aqui no Rio, também tirando férias. Foram eles que bateram a foto.


sábado, 18 de julho de 2009

Uma casa, um container, um barraco

Só eu pra tentar fazer um título poético pra uma história tão lamentável. Na última quinta-feira, o CPERS, sindicato dos professores públicos do RS, foi para a frente da casa da governadora às 7 da manhã para protestar. Levaram uma réplica do container onde alunos estão tendo aulas porque faltam salas.
A governadora YEDA CRUSIUS reclamou que os netos não tinham como sair de casa pra ir à aula. Ela e a filha TARSILA foram ao portão bater boca com as professoras (levando os dois meninos junto!). Depois voltou só a governadora, com um cartaz escrito por ela para os manifestantes "vocês são torturadores de crianças". A tropa de choque foi lá e o portão foi desbloqueado. Quatro pessoas foram detidas.
As versões são contraditórias, como sempre: as professoras dizem que não impediram ninguém de sair e que os policiais empurraram, derrubaram e prenderam pessoas quando elas já estavam saindo do local e subindo nos ônibus para ir embora. A Brigada Militar diz que não houve excessos.
Houve quem condenasse o protesto do CPERS, considerando inadequado fazer o protesto ali. Outros acham certo, pois a própria compra da casa da governadora é questionada pela oposição (para quem o imóvel foi comprado com caixa 2 da campanha). Mas o que mais me chama atenção é a reação ao protesto. Nunca imaginei ver governador batendo boca em portão com quem quer que fosse. Se como a governadora diz as professoras não queriam negociar, que passasse a bola para a Brigada Militar. Acho que aquelas dezenas de policiais da tropa de choque seriam capazes de desbloquear um portão.
Já ouviram aquela frase "a pessoa sai da vila, mas a vila não sai da pessoa"? Se aplica bem a esse caso.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Investindo no cabeção

Estudar é bom, mas cansa... Faz duas semanas que começaram minhas aulas da especialização em Relações Internacionais e Diplomacia, da UNISINOS. Estou gostando muito, o tema é interessante, cada colega tem uma história de vida diferente e os professores são muito bons (ok, só tive aula com uma, mas ela tem muita bagagem!).
É uma área em que se tem que ler MUUITO e eu estou fazendo das tripas coração pra dar conta. O primeiro desafio, que era descobrir como voltar pra casa as 11 horas da noite sem ter carro, foi vencido. uma das colegas, a Mônica, mora bem pertinho aqui de casa e topou rachar um taxi. Fazendo as contas, as duas viram que não valia a pena ir de ônibus, pois teríamos que pegar dois e levaríamos o dobro do tempo pra chegar. Definitivamente o transporte em Porto Alegre não anda bom.
Como eu falei a turma é bem heterogênea, ninguém é formado em Relações Internacionais. Apresentamos já o nosso primeiro trabalho nessa semana e já observei que tem alguns como muito potencial pra ir pra frente. Mas também senti que algumas pessoas não correm muito atrás, não se dedicam muito fora do curso.
Pra mim isso é muito estranho, afinal estou investindo uma quantia muito alta do meu patrimônio para estudar. Um curso assim custa por mês praticamente o mesmo que uma faculdade particular então não faz sentido "fazer por fazer".
Andei fazendo um balanço da minha vida nos últimos meses e refleti sobre o quanto meus pais investiram na minha educação e na dos meus irmãos. Eu acabei copiando o exemplo. Nos últimos dois anos meu maior gasto foi em cursos e livros. Não tenho bens, só um cabeção cada vez maior. mas acho que é o investimento certo, porque esse ninguém me tira.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

República das Bananas

Estou acompanhando pelos noticiários a confusão em Honduras, desde que o presidente eleito foi "convidado a se retirar" por forças militares. O motivo do golpe seria um plebiscito proposto pelo presidente Zelaya sobre o direito a reeleição.
Neste domingo, ele tentou voltar ao país, mas o avião foi impedido de pousar pelas Forças Armadas hondurenhas. Ao menos parte da população quer o presidente de volta e foi às ruas para acompanhar seu retorno. Houve repressão e tumulto, com informações inclusive de que há mortos.
Não sei até quando estes grupos que apoiaram o golpe vão aguentar. Honduras é um país pequeno, o segundo mais pobre da américa central, que depende da importação de petróleo e outros bens. A Venezuela não vai ajudar, pois apoia o presidente deposto. O Brasil, outro grande produtor de petróleo do continente, também condenou o golpe militar.
A Organização dos Estados Americanos já suspendeu a participação de Honduras na entidade por causa da quartelada. Em tempos passados, grupos considerados "mais à direita" buscavam apoio dos Estados Unidos para se impor no poder. Mas os tempos são outros, não tem mais Guerra Fria (comunismo X capitalismo) e o presidente Barack Obama não está disposto se envolver em atos anti-democráticos. Afinal, Zelaya foi eleito para o cargo.
O pior é que 70% das exportações hondurenhas vão para os Estados Unidos. O país é basicamente agrícola, e dois em cada três cidadãos trabalham no campo. Entre os produtos mais importantes da economia local estão, é claro, as bananas.
No início do século XX, empresas americanas se estabeleciam na América Central para cultivar frutas para exportação. Com poder econômico e o apoio do governo norte americano na época, mandavam tanto ou mais que a oligarquia local. Daí vem a expressão "república das bananas", para se referir a um país sem soberania, submetido aos interesses dos outros.