terça-feira, 26 de maio de 2009

Quem se importa com os olhinhos puxados?

Eu pretendia ter falado alguma coisa sobre o assunto na noite de terça. Já estava com o blog aberto pra escrever sobre as maldades do Kim Jong Il, quando comecei a teclar com um gatinho. As relações pessoais se sobrepuseram às Relações Internacionais e aos grandes dilemas da humanidade.
Para quem não sabe, a Coréia do Norte vem fazendo testes militares na última semana e tocando em frente seu programa nuclear. Vários países se manifestaram contra a atitude do ditador Kim Jong Il e nas Nações Unidas se fala em adotar sanções contra os coreanos.
No fim das contas, é isso mesmo que vai acontecer: medidas contra os coreanos e não contra um líder que afronta o sistema internacional. Do pouco que conheço estudando Política Internacional nos últimos anos, sempre que se adotam sanções econômicas contra uma nação, ela continua a ter um governo tirano e a vida da população é que sofre uma queda.
Foi assim no Iraque, onde Saddam Hussein continuou entronado por dez anos e onde o programa "Petróleo por alimentos", proposto pela ONU, virou mais um exemplo de corrupção. Os Estados Unidos agora estudam acabar com o embargo à Cuba e não é só porque Fidel está idoso. Empresas estrangeiras não trocariam boas relações com o maior mercado consumidor até então (EUA) para investir na ilha comunista de poucos milhões de habitantes. Quem sofreu privações com o embargo foram os cubanos e a medida pode ser considerada um fracasso, porque Fidel continua onde os americanos nunca quiseram.
Mas façamos outra tentativa e embarguemos a Coréia do Norte, país onde 30% da população é mal nutrida. Será que isso sensibilizará Kim Jong Il? Ajudará as famílias divididas (metade na Coréia do Sul e a outra metade na do Norte) a se reunir novamente? Nessa hora, a Política Internacional mostra o seu lado maquiavélico, de agir pensando só no bem estar da sua própria nação. Quem vai pensar nuns pobre coitados de olhos puxados? A maioria das pessoas aliás acha que eles são todos chineses, todo mundo igual, como se fosse um grande rebanho... Kim Jong Il pensa no bem estar da sua gente ou em garantir o seu?

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dia de Fúria

Tem dias em que minha capacidade crítica parece crescer, o que não é de todo bom. Significa me revoltar muito com aquilo que considero errado. Começou na primeira pauta da manhã: a polícia investigou por meses, fez 30 horas de campana no fim de semana e recuperou 12 caminhões roubados. A quadrilha tinha 19 integrantes e cinco deles tramavam os crimes estando no regime semi-aberto (podem sair do albergue durante o dia para trabalhar, mas licitamente!). A Justiça não concedeu o pedido de prisão feito pelos policiais, alegando que não eram bandidos violentos e que faltam vagas nos presídios.
Minha fúria aumentou ao receber horas depois uma sugestão de pauta sobre um livro de ficção. Nada de mais, não fosse o release destacar o fato do autor ter concluído o livro na Europa, onde se esconde após ter fugido da prisão no Brasil. Fui levantar a ficha do tal "escritor" e ele escreveu linhas bem tortas na própria vida: era um playboy que se envolveu em roubos e foi preso devido a eles e um homicídio que cometeu. Depois de condenado e preso fugiu, se envolveu em um sequestro e foi preso novamente. E a colega jornalista deixa a ética de lado e usa esse lindo currículo pra promover o livro...
Pra completar, outro colega saiu-se com uma bobagem fenomenal. Uma dentista foi assassinada por um caminhoneiro dias atrás, numa estrada que liga o litoral à serra gaúcha. O responsável foi identificado por uma testemunha, que viu os dois brigando no asfalto. Em entrevista ele contou que pensou em parar para ajudar, mas o caminhoneiro fez um gesto como se fosse puxar uma arma. Então ele seguiu e chamou a polícia, pois teve medo por ele e pela namorada que estava no carro. Pois o Paulo Sant'ana, na coluna de hoje na Zero Hora, chama o comportamento da testemunha de omissão de socorro.
Pior que ler essa bobagem, foi ler os comentarios e encontrar mais gente apoiando essa teoria bizarra. Pobres de nós se passarmos a ser culpados pela falta de policiamento em via pública. Ninguém tem direito de julgar outra pessoa por querer preservar a própria vida. Ou poderíamos ter agora três mortos em vez de um. A gente também precisa ajudar nossa sorte...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mais um filmão - A vida dos outros!

Faz vários dias que eu assisti o filme e queria deixar a dica por aqui (pra variar, faltou tempo...) É "A vida dos outros", um filme alemão que ganhou o oscar de melhor filme estrangeiro anos atrás.
A história se passa em 1984, na antiga República Democrática Alemã, mais conhecida como Alemanha Oriental. Um dramaturgo tem a vida investigada a pedido do Ministro da Cultura, não por ser um conspirador, mas por namorar a atriz na qual o político estava interessado. O objetivo distorcido da investigação, de achar um crime a qualquer custo, termina revoltando um dos espiões.
O filme é uma forma interessante de conhecer entender os métodos da STASI, a polícia política da Alemanha Oriental.

sábado, 16 de maio de 2009

Governo se complicando

A política faz parte da vida, mas as vezes dá um sentido muito estrito a palavra fortuna. A governadora Yeda Crusius, por exemplo, vem sendo acusada desde fevereiro de embolsar uma fortuna de R$ 400 mil das doações de campanha para pagar a própria casa. Eu diria que ela não se sente afortunada com a intensificaçao das denúncias ocorrida desde que a Veja também passou a publicar acusações. A edição desta semana questiona porque grandes doadores não aparecem na prestação de contas.
A governadora nega as acusações e diz que o advogado que contratou é para processar os destratores. Pouca gente no meio jornalístico do RS acredita. O que mais gera desconfiança é o silêncio do Ministério Público Federal. Revistas e políticos dizem que o MPF tem as gravações em áudio que comprovam crime eleitoral e como o órgão não nega te-los, vem à mente aquele ditado: "quem cala consente".

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nem usuária, nem maconheira



Estou em dívida com esse blog há vários dias... mas a situação política no RS anda tensa e o trabalho está me consumindo. Faltou tempo para escrever. Já faz quase uma semana que eu cobri a Marcha da Maconha em Porto Alegre, mas acho que ainda vale discutir o assunto.

A manifestação pede a cada ano a legalização do consumo da planta e sempre vem antecedida de polêmica e disputa judicial. Em muitas cidades, a Justiça acatou pedidos para que a marcha fosse proibida, sob alegação de que faz apologia às drogas (crime previsto nas leis brasileiras). Além da capital gaúcha, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte conseguiram autorização para fazer o ato em locais públicos.

Foi tudo muito pacífico. Os manifestantes cumpriram o acordo firmado com a polícia e o ministério público, de não usar frases do tipo “use maconha” ou “maconha é ótimo”. O que vi foram pessoas questionando porque tratar usuário como criminoso, pedindo pesquisa sobre o uso medicinal da erva e afirmando que repressão não é o melhor caminho para o problema.

Foi muito interessante minha conversa com um pesquisador da área da biologia. Ele diz que há estudos sobre uso da maconha como auxiliar no tratamento de quem usa outras drogas, assim como para tratar doenças como o glaucoma. Lembrou que tudo que é mal utilizado é perigoso e me apresentou para a pergunta que eu considero crucial: porque as pessoas usam drogas? Grande questão, afinal o abuso de álcool também é um problema médico e social.


Durante a Marcha da Maconha, um grupo de cinco estudantes foi para o Parque Farroupilha (um dos principais de Porto Alegre), dizer porque é CONTRA a liberação do consumo. Eles viram colegas se prejudicarem nos estudos e trabalho por usarem drogas e temem que a legalização provoque aumento no consumo.

É uma prova de que a marcha cumpriu um importante propósito, o de gerar discussão do assunto. Gente contra, gente a favor (e convivendo civilizadamente). Ponto para os juízes que entenderam que não podemos esconder o sol com a peneira. O tráfico está aí e tem gente usando maconha e também substãncias mais perigosas (para si e para a sociedade). Só no Rio Grande do Sul há 55 mil pessoas usando crack. Afinal, maconha é porta de entrada para outras drogas? Se liberar, aumenta o consumo ou diminui o poder do traficante? Onde e como vamos tratar quem já sofre com a dependência química? Ou vamos continuar vendo mães acorrentando os filhos em casa porque não conseguem vaga para tratamento médico, para livra-los do vício?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Cidade da Copa (?) 2

Se vamos receber visitantes estrangeiros pra Copa, é melhor construir ótimos hotéis pra que eles não saiam lá de dentro. Isso porque o transporte público está lastimável.
Ontem, o ônibus que eu pego para ir ao trabalho veio em dose dupla. Dois da mesma linha ao mesmo tempo, ou seja, ou um estava adiantado ou o outro atrasado. O pior foi explicar isso para o setor de reclamações do órgão responsável, para quem não havia nada errado porque a espera de "10 minutos não caracteriza atraso porque este é o intervalo entre as viagens".

Na manhã desta quinta teve uma nova dose de incomodação e tirei esta foto pra provar o que eu digo. O ônibus estava muito cheio, as pessoas se espremiam para se movimentar e não perder a hora de descer (tanto que a imagem é "psicodélica"). E quando cheguei ao meu destino, vejo outro ônibus da mesma linha chegando juntinho com o que eu estava, só que vazio... Só não fico surpresa porque isso já virou hábito. O pior é que a linha é administrada pela Carris, empresa de ônibus mantida pela prefeitura.
Se é assim, melhor os turistas verem a Copa pela TV, pra não chegarem atrasados, irritados e suados ao estádio.

domingo, 3 de maio de 2009

Meu novo filho

Durante muito tempo andei um tanto frustrada com a minha profissão. Parecia a letra de Cotidiano: "todo dia ela faz tudo sempre igual...." A sensação era a de sempre fazer a mesma coisa, as mesmas matérias. Talvez esse sentimento não fosse só meu.
No fim de tarde, as outras jornalistas da Radioweb e eu gastavamos alguns minutos falando sobre homens, a incoerencia das pessoas, as viagens mais legais para fazer... E era nessa hora que saíam as melhores frases como "imagina como dever ser ruim ser homem, ter uma parte do corpo que não te obedece?" ou "Deus deu cérebro pra todo mundo, mas alguns não aprenderam a usar".
Dai foi um passo pra decidirmos colocar no ar o que até então era uma brincadeira.
O primeiro programa Redação de Calcinha ficou pronto esse fim de semana. Até sábado mais de 70 rádios já tinham feito o download dele pra veicular :) . O episódio 1 é sobre poligamia e ficou bem divertido! O debate é mesclado com entrevistas, dicas de filmes... O próximo será sobre o lado obscuro da maternidade.
Eu trabalho umas quantas horas pra fechar cada edição, mas me dá muito prazer! O nosso novo filho (meu e das outras quatro colegas) vai ser semanal e estará também no blog da Radioweb para todos os internautas.
Vamos ver como vai ser a reação das pessoas ao nos ouvirem expondo nossa opinião.