sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nem usuária, nem maconheira



Estou em dívida com esse blog há vários dias... mas a situação política no RS anda tensa e o trabalho está me consumindo. Faltou tempo para escrever. Já faz quase uma semana que eu cobri a Marcha da Maconha em Porto Alegre, mas acho que ainda vale discutir o assunto.

A manifestação pede a cada ano a legalização do consumo da planta e sempre vem antecedida de polêmica e disputa judicial. Em muitas cidades, a Justiça acatou pedidos para que a marcha fosse proibida, sob alegação de que faz apologia às drogas (crime previsto nas leis brasileiras). Além da capital gaúcha, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte conseguiram autorização para fazer o ato em locais públicos.

Foi tudo muito pacífico. Os manifestantes cumpriram o acordo firmado com a polícia e o ministério público, de não usar frases do tipo “use maconha” ou “maconha é ótimo”. O que vi foram pessoas questionando porque tratar usuário como criminoso, pedindo pesquisa sobre o uso medicinal da erva e afirmando que repressão não é o melhor caminho para o problema.

Foi muito interessante minha conversa com um pesquisador da área da biologia. Ele diz que há estudos sobre uso da maconha como auxiliar no tratamento de quem usa outras drogas, assim como para tratar doenças como o glaucoma. Lembrou que tudo que é mal utilizado é perigoso e me apresentou para a pergunta que eu considero crucial: porque as pessoas usam drogas? Grande questão, afinal o abuso de álcool também é um problema médico e social.


Durante a Marcha da Maconha, um grupo de cinco estudantes foi para o Parque Farroupilha (um dos principais de Porto Alegre), dizer porque é CONTRA a liberação do consumo. Eles viram colegas se prejudicarem nos estudos e trabalho por usarem drogas e temem que a legalização provoque aumento no consumo.

É uma prova de que a marcha cumpriu um importante propósito, o de gerar discussão do assunto. Gente contra, gente a favor (e convivendo civilizadamente). Ponto para os juízes que entenderam que não podemos esconder o sol com a peneira. O tráfico está aí e tem gente usando maconha e também substãncias mais perigosas (para si e para a sociedade). Só no Rio Grande do Sul há 55 mil pessoas usando crack. Afinal, maconha é porta de entrada para outras drogas? Se liberar, aumenta o consumo ou diminui o poder do traficante? Onde e como vamos tratar quem já sofre com a dependência química? Ou vamos continuar vendo mães acorrentando os filhos em casa porque não conseguem vaga para tratamento médico, para livra-los do vício?

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