quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Começo do fim

O dia de trabalho ontem foi uma loucura. Não é todo dia que o Ministério Público Federal pede o afastamento de um governador. Foi o que aconteceu nesta quarta-feira com a governadora Yeda Crusius. Além dela e do marido Carlos Crusius, mais oito pessoas entre deputados, presidente do Tribunal de Contas do Estado, ex-secretários e assessores são acusados de enriquecimento ilícito, danos ao erário público ou improbidade administrativa.
A quinta foi dia da oposição pedir CPI e impeachment e da governadora falar sobre o assunto pela primeira vez. Ela criticou o ministério público por mencionar nomes sem esclarecer quais são exatamente as denúncias e chamou a situação de "circo político".
Eu diria que neste circo, o povo é o palhaço. Mais de 40 milhões de reais foram desviados do Detran. O RS tem uma das carteiras de motorista mais caras do país. O dinheiro desviado para propinas até agora não voltou. Pior é ouvir que toda a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal está embasada em horas e mais horas de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça. Isto torna mais difícil acreditar que essas pessoas acusadas sejam todas inocentes.
Do ponto de vista político, a governadora é responsável pela própria cova. Inúmeras vezes ela se recusou a afastar do governo pessoas acusadas de corrupção. Assim deixou margem para que fosse considerada conivente com os escândalos.
O pior é que esta não é a única investigação em curso envolvendo o governo gaúcho. Temos ainda a operação solidária, que teria entre os suspeitos dois deputados federais e dois secretários de estado. Outra questão nebulosa é a morte do ex-secretario Marcelo Cavalcanti, morto por afogamento no lago Paranoá em Brasília, assim como a presença do assessor da governadora, Ricardo Lied, numa visita ao então presidente do Detran Sérgio Buchmann. Ele e dois delegados teriam avisado Buchmann de que seu filho seria preso por tráfico de drogas e tentado convence-lo a ligar e alertar o filho da operação. O dirigente do Detran desconfiou que fosse uma armadilha para depois chantagea-lo.
Com tanta coisa, não surpreendem os pedidos de CPI e impeachment defendidos por sindicalistas e parlamentares. Já tem até deputado de partido aliado assinando o requerimento.

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